Sustentabilidade não é entrave para crescimento, diz Hollande

O presidente da Franca, François Hollande, afirmou nesta quarta-feira (20) na Rio+20 que o desenvolvimento sustentável deve ser uma causa planetária e não deve ser visto como um entrave para o crescimento econômico.
“O desenvolvimento sustentável não é um entrave, é uma oportunidade", afirmou em sua fala oficial na plenária da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, acrescentando que o tema não pode ser utilizado para “fomentar a oposição entre norte e sul”.
“O desenvolvimento sustentável é uma causa planetária e uma questão vital para todo o mundo”, afirmou o presidente da França.
Hollande congratulou o Brasil, destacando que o país é uma referência “tanto no norte quanto no sul” em questões de desenvolvimento.

“Eu gostaria também de adotar compromissos em nome do meu país”, afirmou. “Esses resultados significativos ainda estão aquém das nossas responsabilidades e das nossas expectativas”, continuou. “A luta contra a pobreza e a defesa do meio ambiente serão prioridades absolutas nos cinco anos que terei à frente da França”, acrescentou.

'Texto é objeto de compromisso e não pode ser mudado'
Durante entrevista coletiva concedida durante a tarde, Hollande disse que não pretende propor alterações ao texto aprovado pelas delegações ao longo da semana “pois é objeto de compromisso e não pode ser modificado”.
“Esse texto para mim é uma base, e trabalharei para a criação de um órgão verdadeiro para unir essas conferências, pois os temas acabam se evacuando. Se houvesse uma agência para os assuntos envolvendo meio ambiente e desenvolvimento sustentável poderiam ser debatidos ao mesmo tempo com mais eficiência”, disse ele, elogiando a proposta de fortalecimento do Pnuma (Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente), mas afirmando que é necessário haver um órgão com nível de agência dentro das Nações Unidas para aglutinar debates e formulação de políticas sobre o tema.
Hollande, que esteve ao longo do dia com a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que a crise econômica global existe e, enquanto muitos acham que neste momento a questão ambiental pode ser deixada de lado, ele acredita que o desenvolvimento sustentável e a economia verde são formas de sair da crise.
“Esse tema foi debatido no G-20. Há um temor por parte de países, mas quero discutir e lutar contra o protecionismo”, disse o presidente.
Hollande, que chegou a considerar risco de fracasso na Rio+20, disse que reviu sua opinião e hoje não vê mais riscos. “A presidente do Brasil fez com que fossem possíveis certos compromissos, principalmente quanto à organização do desenvolvimento. Algumas etapas foram conquistadas. Há quem veja o copo meio cheio e meio vazio, mas a ideia é sempre progredir e não ocultar o que não está no texto”, disse ele, insistindo na necessidade de criação de uma agência sobre o tema.
Imposto para ajudar no desenvolvimento sustentável
O presidente francês falou ainda sobre a pobreza no mundo e pediu mais recursos. “Temos um comprometimentos no combate à pobreza. Lutei muito e hoje falo como presidente e me comprometi para que impostos sejam direcionados a investimentos sociais. Queria dar um exemplo de um novo conceito com a mobilização para a agricultura e conceitos de solidariedade e justiça social. Por isso vim aqui logo no início de meu mandato”, disse ele, lembrando que na Rio-92 o então presidente François Miterrand se comprometeu com o desenvolvimento “e a continuidade ganhou um impulso aqui”.
Sobre os protestos de entidades civis em relação ao texto aprovado pelas delegações da Rio+20, Hollande disse que “alguns quiseram fazer esta conferência mais sobre economia, mais sobre economia verde, em vez de trabalhar a ecologia, que se deteriora, principalmente na biodiversidade e nos oceanos”.
Segundo disse, ecologia não é uma panaceia, mas um meio de desenvolvimento e criação de postos de trabalhos. E para alcançar metas, disse ele, é preciso taxar transações.
“Muitos países são contra essas taxas, mas dentro desse quadro de cooperação é preciso estabelecer que parte da receita de imposto seja direcionada ao desenvolvimento social. Vamos lutar contra a pobreza e fazer disso uma meta de desenvolvimento sustentável”, concluiu.

FonteG1

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