Estádios Solares podem massificar energia solar

Gerar conhecimento e capacitar as pessoas é um passo essencial para a instalação da indústria solar no Brasil nos próximos anos, concluiu Mauro Passos, presidente do Instituto Ideal, ONG que promove o uso de energias renováveis no Brasil.
Para isso, um dos principais programas da entidade é fazer concursos e prêmios para pesquisadores e estudantes para pensar e desenvolver projetos nas áreas de energias renováveis e eficiência energética. Além de conseguir introduzir o tema nas faculdades de engenharia e expandir para países vizinhos do Mercosul, o projeto permitiu o surgimento da ideia dos estádios solares, que tem um potencial de dar grande visibilidade para a tecnologia.


“Todo mundo sabe que o Brasil tem sol e todo mundo sabe que os custos estão caindo, mas sempre tem algo que faz demorar uns 10 a 15 anos para a nova tecnologia firmar”, lembrou. “Por isso identificamos os grande eventos esportivos como tendo a capacidade para dar grande visibilidade”.


Junto com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foram feitos os projetos de estádios solares para a Copa 2014. Hoje, os estádios da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Brasília e possivelmente Pernambuco.
Mas se é preciso treinar as pessoas para divulgar as tecnologias de energias renováveis, o setor de microgeração pode também ser um vetor de desenvolvimento. No mesmo painel do 3º Microgerar, Leonidas Andrade, representante da Associação Brasileira da Indústria Eletro Eletrônica (Abinee) estimou que, para atingir 5% do fornecimento de eletricidade por meio de pequenas centrais geradoras, se gerariam 34 mil empregos diretos, mas também se criariam 82 mil empregos indiretos, com a redução de 1 milhão de toneladas de CO2.


Para Paul Mckay, representante da fabricante de painéis solares canadense, Canadian Solar, o Brasil está atrasado e pela insolação deveria estar entre os cinco maiores geradores de energia solar.
“Eu tenho uma fábrica no Canadá que é competitiva com os chineses e meus custos são mais altos que aqui,” disse. “Adoraria produzir no Brasil”.
Mas para ele, é necessário incentivar mais o setor solar no Brasil.
“O que aconteceu com o setor eólico é muito bom e estão de parabéns, mas é preciso mais”, alfinetou.
Mesmo com os palestrantes e participantes acreditando que o setor solar fotovoltaico já está pronto para ganhar escala, o governo prefere dar um passo mais lento aliado com melhores condições do mercado.
“A bíblia do governo é modicidade tarifária, segurança energética e universalização”, explicou Hamilton Moss, diretor do departamento de planejamento energético do Ministério de Minas e Energia.
Para Moss, que representou o governo federal no evento, o modelo dos leilões acertado pois evitou os problemas que a Europa está enfrentando atualmente com o sistema de subsídios chamado feed in tariffs.
Ninguém acreditava que poderíamos ter energia eólica abaixo de R$220 por MWh”, disse. “Hoje temos sete indústrias eólicas no país”.
Para ele, a decisão da Aneel, apoiada pelo ministério, de fazer uma chamada de P&D para solar é o caminho certo, pois vai ajudar treinar a mão de obra e gerar transferência tecnológica. Além disso, ele citou o programa de R$4 milhões 120 telhados em parceria com a USP que deve sair este ano.


“A chamada da Aneel é a produção solar mais cara do mundo, afinal são R$400 milhões para gerar 24MW, mas este não é o objetivo”, disse. Moss refutou a possibilidade de fazer um leilão de energia solar no curto prazo, já que as distribuidoras já comprar o suprimento necessário para os próximos anos.
Para ele, diferentemente de países como Alemanha, que tiveram que incentivar a indústria do zero, o Brasil pode contar com um arcabouço técnico já desenvolvido no mundo que pode se instalar aqui.

Fonte: Revista Sustentabilidade

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